Somente
aqueles desprovidos de qualquer visão, podem gritar por aí que “o passado não
interessa”, que “o que realmente importa é o que acontece agora”, que “o
torcedor banguense vive somente de lembranças do passado” e outras coisas com a
mesma conotação. No entanto o que eles esquecem, por lhes faltar uma mais ampla
visão das coisas, é que quando divulgamos os feitos do Bangu Atlético Clube no
passado, não o fazemos com o viés do saudosismo barato, senão para demonstrar
que a marca BANGU, no futebol, já teve sua força e que o fato de “hoje vivemos
em outros tempos” não anula as possibilidades de que essa força seja
readquirida. Ao contrário, hoje as ferramentas tecnológicas, os sistemas
organizacionais e a legislação relativas ao futebol, permitem que um clube
atuante nesse esporte, principalmente os que têm forte tradição, serem fortes e
prósperos.
Se quiserem um bom exemplo, temos a Associação
Chapecoense de Futebol, clube do interior de Santa Catarina que hoje está na
primeira divisão do futebol brasileiro. O clube catarinense, tendo somente
pouco mais de 43 anos de existência, já é uma realidade dentro do futebol
brasileiro e caminha a passos largos para se tornar uma força exponencial no
nosso futebol. Com muito trabalho, empreendedorismo, disciplina e um excelente
sistema organizacional, a Chape, como é chamada pelos seus torcedores, pode ser
orgulhar de possuir uma Infraestrutura de excelência.
A Arena Índio Condá, cuja conclusão das fases de construção
previstas ocorreu em abril de 2014, é um excelente e moderno estádio de
futebol, que pode receber com conforto e segurança até 22 mil espectadores e
tendo em seu interior um Centro Comercial. O Centro de Treinamento da Água
Amarela, com 4 campos de futebol (três com dimensões oficiais), academia, cinco
vestiários, sala de massagem, sala de fisioterapia, rouparia e cozinha, teve
sua primeira etapa inaugurada em outubro de 2014; está construído em uma área
total de 83 mil m². Na próxima etapa está prevista a ampliação do CT com a
construção dos alojamentos para as categorias de base.
Mas por que estou eu falando dessa forma sobre a Chapecoense
ao invés de falar sobre o Bangu? A resposta é: O clube de Santa Catarina é um
excelente exemplo, enquanto o Bangu, nos últimos 25 anos só nos tem
envergonhado, salvo uma ou outra alegria, acontecidas ao acaso.
Exposto esse pensamento, que considero próprio para a
reflexão de quem o possa lê, falemos, então, dessa força que o Bangu tinha e
que foi se esvaindo com o tempo.
Ontem, 24 de junho de 2016, foram passados exatos 60
anos da primeira partida da Seleção Brasileira na disputa da primeira edição da
Taça do Atlântico, disputada entre Argentina, Brasil e Uruguai. Nesse jogo
inaugural o Brasil venceu a Seleção Uruguaia no Maracanã, pelo placar de 2 x 0,
iniciando sua caminhada para a conquista do título dessa competição.
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Em pé: Djalma Santos, Veludo, Édson, Zózimo, Formiga e Hélio; Agacha-dos: Pastinha (massagista), Canário, Hilton Vaccari, Leônidas, Zizinho e Ferreira. |
Para os brasileiros, em geral, foi mais uma das muitas partidas
do seu “scratch”, como se dizia na época, mais exatamente a 203ª. Mas, especificamente, para os torcedores banguenses
esse jogo teve e ainda tem um caráter todo especial, pois na foto da equipe, no gramado de
um Maracanã lotado identificamos três, sim, três jogadores do Bangu AC: Zózimo
Alves Calazans (Zózimo), Hilton Celestino Vaccari (Hilton
Vaccari) e Thomaz Soares da Silva (Zizinho). Essa formação se repetiu em
outros jogos da Seleção em 1956, mas sempre com o Vaccari entrando em
substituição a um outro jogador.
Talvez tenha sido a única vez na história (com a palavra o Carlos Molinari) em que um
trio de jogadores banguenses tenha aparecido na foto de uma Seleção Brasileira
principal.
Para completar esse quadro, o massagista a serviço da
Seleção Brasileira, que aparece na foto (agachado), é o massagista, na época,
do Bangu AC, o conhecidíssimo Pastinha.
Outro fato, que diz respeito ao Bangu, com referência a
essa Seleção Brasileira, é a possibilidade do lateral esquerdo banguense,
Nilton dos Santos, ter feito parte desse elenco. No livro “Antes de Ser Campeão”,
de Sylvio Pacheco (Editora Vermelho Marinho – Rio de Janeiro – 2015), o autor
relata: “...e finalmenete a relação dos jogadores para a partida da Copa do Atlântico
frente ao Uruguai. Os convocados foram: Veludo, Édson , Hélio, Djalma Santos, Zózimo,
Formiga, Canário, Hilton Vaccari, Leônidas, Zizinho, Ferreira, Paulinos, do Atlético
Mineiro, Nilton, do Bangu, Cabeção, De Sordi, Paulinho, do Vasco, Décio, Nilton
Santos, Maurinho, Álvaro, Didi e Pepe”. Também o Décio que aparece na relação
dos convocados pode ser o Décio Esteves, também do Bangu. Na foto abaixo podem
ser vistos Hilton Vaccari, Zizinho e Décio Esteves, com o uniforme dos reservas
- Hilton Vaccari e Décio Esteves e com o uniforme dos titulares – Zizinho (com
a palavra, novamente, o Carlos Molinari).
A ficha do Jogo:
Competição: 1ª Taça do
Atlântico
Data: 24 de Junho de 1956
Local: Estádio do Maracanã
Público: Não foi
divulgadoÁrbitro: Frederico Lopes (Brasil)
Seleção Brasileira: Veludo, Djalma Santos e Édson II,;
Formiga, Zózimo e Hélio; Canário, Hilton Vaccari, leônidas, Zizinho e Ferreira.
Seleção Uruguaia: Macieiras, Martinez (Davoine) e
Santa Maia; Andrade, Carranza e Leopardi; Abadie, Ambrois (Ramos), Miguez, Sasía
e Escalada.
Gols: Zizinho e Canário
Expulsões: Miguez,
Carranza, Davoine, Ramos e Escalada (Uruguai).
Na segunda partida pela Taça do Atlântico, a Argentina
venceu o Uruguai por 2 x 1, em Montevideo. Na terceira partida, Argentina e
Brasil ficaram no 0 x 0, em Buenos
Aires. Brasil e Argentina terminaram
empatados com 3 pontos ganhos (naquela época a vitória valia somente 2 pontos),
mas no saldo de gol o Brasil levou o título da Taça.
Os craques do Bangu nessa partida:
Zózimo Alves Calazans (Zózimo)
Nascimento: 19/6/1932 / Falecimento: 21/9/1977
Primeira partida pelo Bangu: Bangu 2 x 3
Oriente (7/5/1952)
Última partida pelo Bangu: Bangu 1 x 3
Fluminense (8/12/1963)
Posição:
Meia campo / zagueiro
Histórico em jogos pelo Bangu: Nas 466 partidas
disputadas, com 154 vitórias, 101 empates e 110 derrotas, marcou 28 gols e foi
expulso 1 vez.
Hilton Celestino Vaccari (Hilton Vaccari)
Nascimento: 25/10/1934
Primeira partida pelo Bangu: Bangu 2 x 4 Rapid Wien (31/3/1954)
Última partida pelo Bangu: Bangu 1 x 1 América (28/9/1957)
Posição:
Atacante
Histórico em jogos pelo Bangu: Nas 118 partidas
disputadas, com 64 vitórias, 25 empates e 29 derrotas, marcou 61 gols e foi
expulso 3 vezes.
Thomaz Soares da Silva (Zizinho)
Nascimento: 14/9/1921 / Falecimento: 8/2/2002
Primeira partida pelo Bangu: Bangu 1 x 3 Flamengo (23/7/1950)
Última partida pelo Bangu: Bangu 4 x 2 CSA (3/2/1961)
Posição:
Meia atacante
Histórico em jogos pelo Bangu: Nas 275 partidas
disputadas, com 154 vitórias, 54 empates e 67 derrotas, marcou 123 gols e foi
expulso 5 vezes.
Fontes: Bangu.NET / Brasilian National Team –
All Matches / Wikipédia / Livro "Antes de ser Campeão"
Crédito das Fotos: Bangu.NET / Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos / Brasilian National Team – All Matches